IFPA: Estudante de agronomia realiza sonho e conquista medalha na Superliga Universitária

Estudante do quinto ano do curso de graduação em agronomia do Instituto Federal do Pará (IFPA) campus Castanhal, Josué Araújo Cordeiro, 24 anos, conquistou medalha em atletismo por participação na Superliga Universitária do Pará. A competição foi organizada pela Gestão do Esporte Universitário da Universidade Estadual do Pará (Uepa) com apoio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet) e da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). Contou com oito delegações e 64 equipes. A final ocorreu no período de 26 a 29 de janeiro, no Campus III e II da Uepa e no ginásio poliesportivo do IFPA em Belém.

O coordenador da Superliga, Celso Silva, explicou que o objetivo principal do evento não é formar bons atletas e sim formar bons alunos. De acordo com o coordenador-geral da Superliga Paraense, Higson Coelho, a proposta da competição é integrar e democratizar o esporte universitário. Participaram da etapa final os alunos da Universidade Federal do Pará (UFPA), UEPA, Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), IFPA, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). "Além das modalidades coletivas e individuais, temos pela primeira vez o Paradesporto Universitário no Pará, com paraatletas da Ufopa, Unifesspa, IFPA, UFPA", explicou em entrevista à TV Cultura.

O estudante do IFPA é um dos paraatletas medalhistas da Superliga Universitária, exemplo de superação e garra para todo o campus Castanhal. Ele correu 100 metros rasos, em 17 segundos e 57 décimos, no sábado, dia 28 de janeiro, às 8h, na pista de atletismo da UEPA campus III.  Para participar da prova em Belém, Josué vinha treinando desde setembro de 2022, todos os dias às 18 horas. Ele foi inscrito na prova pelo professor de Educação Física Kley Wanzeler, que o orientou, supervisionou e o motivou ao longo deste tempo. “Eu o agradeço por acreditar na minha capacidade. Estou muito feliz. Voltei a acreditar em mim. Pra mim foi uma vitória”, expressa Josué sua gratidão ao professor e pela oportunidade conquistada na Superliga.

Quem é Josué?

Natural de Santo Antônio do Tauá, Josué Araújo Cordeiro é estudante de Agronomia no IFPA campus Castanhal. Seu sonho, desde os 14 anos era participar de competição esportiva, mas na instituição onde estudava antes, a professora que o acompanhava não o inscreveu nas oportunidades que apareceram. Isso o deixou muito triste, pois pensava que ela não acreditava no potencial dele como atleta.

O jovem relata, em entrevista à equipe da Ascom Reitoria, que desde os doze anos ele praticava natação e jiu-jitsu. Para ingressar no IFPA, ele fez um programa de aceleração de aprendizado e um teste vocacional. Embora, inicialmente, ele quisesse fazer o curso de Turismo no IFPA campus Belém, acabou ingressando no curso de Agronomia. Como sua família mora em Santo Antônio do Tauá e são agricultores, foi orientado a fazer uma formação que lhe permitisse continuar no município de origem.

Depois que entrou no IFPA, ele passou a participar das dos eventos esportivos promovidos pelo Núcleo de Esporte e Lazer (NEL) do Campus. No ano passado, em setembro, ele procurou o professor Kley Wanzeler para treiná-lo e inscrevê-lo na Superliga Universitária. A parceria deu certo e trouxe resultados. O professor comenta que Josué é muito esforçado e tem grande potencial. Pretende treiná-lo para outras modalidades esportivas e outras provas no atletismo, e deverá inscrevê-lo nas próximas edições da Superliga.

Josué tem paralisia cerebral, com sequelas neurológicas, sem prejuízos intelectuais ou de memória. Ele faz leitura da realidade que o cerca de forma crítica, expressando bem suas percepções com coerência, explica a gestora do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napne) do IFPA Campus Castanhal, Mônica Coeli Souza Soares. Desde quando entrou no IFPA, 2020, Josué é acompanhado pelo Napne.

Para melhor atendê-lo, foi feito um levantamento de suas necessidades e potenciais. Foi elaborado um projeto de ensino, de letramento. Josué não sabe ler ou escrever, participa de um projeto do Napne para conseguir, ao máximo, ampliar seus conhecimentos de leitura e escrita para ele possa seguir no curso. Ele tem as aulas da graduação no turno da manhã. À tarde, no contra turno, ele fica no Napne para participar do projeto que é um componente curricular. Quando ele terminar a formação, esclarece Mônica, estas informações estarão em seu currículo.

Mônica ressalta que Josué é muito inteligente, participa das aulas, de seminários, responde oralmente as provas que são aplicadas aos demais alunos. Devido às necessidades específicas, ele conta com auxílio de uma monitora no momento de realizar seus trabalhos escolares. Ela relata que ele não permite que outros façam as tarefas dele. Quanto mais ilustrada a aula e os recursos didáticos, melhor é para ele memorizar. “Josué realiza suas atividades também por meio de uma tecnologia assistiva que lê para ele os textos. É a mesma utilizada pelos cegos. Josué aprende pela audição e visão. Ele memoriza rápido e bem o que vê e escuta. Se for questionado sobre assuntos do curso de Agronomia que parte de seu contexto ele tem a resposta na ponta da língua”.

A psicóloga comenta, ainda, que a iniciativa do professor Kley foi muito relevante para a inclusão do Josué. “Esta iniciativa fortaleceu a autoestima do Josué e proporcionou auto percepção de si, do seu corpo. E isso é muito importante, uma vez que ele tem limitações motoras e na articulação da fala. O esporte oportuniza sua interação com as pessoas e o reconhecimento de seus potenciais. Ele é um estudante é muito esforçado”.

Esportes da Superliga 2023

Neste ano foram disputadas provas em voleibol, basquetebol, handebol, futsal, atletismo, natação, badminton, tênis de mesa, karatê, judô e jiu-jitsu.

Texto: ASCOM REITORIA